Olá, pessoal! O post de hoje será sobre a adaptação do mangá (e anime) de Death Note que a Netflix lançou uns dias atrás. Não estava segu...

Death Note: Raiz X Nutella

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Olá, pessoal!
O post de hoje será sobre a adaptação do mangá (e anime) de Death Note que a Netflix lançou uns dias atrás. Não estava segura em como estruturar estes post, pois poderia fazer apenas uma review do filme, mencionando um pouco o anime e o mangá, mas acredito que é importante olhar para a obra original, para contemplar as diferenças nos personagens e na história. Portanto escolhi fazer um post comparando anime/mangá com a adaptação da Netflix.
Sinopse
Em Seattle, o estudante do ensino médio, Light Turner (Nat Wolff) encontra um caderno que repentinamente cai do céu, o "Death Note", que permite ao seu portador matar qualquer pessoa que conheça a partir da mera anotação do nome do alvo numa de suas páginas. Ryuk (Willem Dafoe), deus da morte e dono original do caderno aparece para Light e lhe informa que além de morte do indivíduo ele ainda pode designar a forma da morte, desde que conheça seu nome e rosto e deve ser humanamente possível. Ryuk influencia Light a escrever o nome de um valentão que está incomodando uma garota, poucos segundos depois ele é decapitado em um acidente. Naquela noite, Light escreve o nome de Skomal, um criminoso que assassinou sua mãe, que morre em um jantar.
Mia Sutton (Margaret Qualley), uma líder de torcida, pergunta a Light sobre o Death Note, e ele demonstra como isso funciona. Ela encoraja Light a usar o Death Note para livrar o mundo dos criminosos, melhorando a sociedade sob o disfarce de um deus conhecido como "Kira".
As ações de Kira chamam a atenção de "L" (Keith Stanfield), um detetive enigmático que é capaz de localizar a localização de Kira em Seattle e sua fonte para a base de dados policial. L e seu assistente/ figura-paterna, Watari, viajam para lá e se encontram com James Turner, o policial encarregado pelo caso Kira, para discutir como eles vão capturar o “deus”. L dá um discurso televisivo com o rosto escondido, provocando Kira para matá-lo; quando isso não acontece, L suspeita que Kira preciso do rosto e do nome da pessoa para poder matá-la.

A História
A primeira e mais clara mudança que foi feita nesta adaptação da Netflix está relacionada ao local onde decorre a trama. No mangá/anime a história ocorre no Japão, mais especificamente na região de Kanto, já no filme de 2017 a trama se desenrola em Seattle, nos Estados Unidos. Isto, por sua vez, implicaria numa outra mudança, mas desta vez nos personagens. No Death Note original os sobrenomes eram japoneses, uma vez que era onde a história acontecia e os personagens (não todos, mas os principais) são japoneses, quando foi tomada a decisão de mudar a história do Japão para os Estados Unidos os sobrenomes (e os nomes de alguns) personagens mudaram, por exemplo: o Light Yagami, o sobrenome mudou para Turner, o pai de Light, que tem um nome bem japonês mesmo, teve não só o sobrenome mudado, mas também o nome, de Soichiro, como é na história original, foi para James, um nome bem mais norte-americano.
Além das mudanças mais óbvias na localização e nos nomes, existem alterações na própria forma como decorre a trama, nas regras do Death Note na caracterização dos personagens, este último sendo um ponto que eu abordarei mais adiante para poder explorar ao máximo as alterações que foram feitas. Talvez a melhor decisão teria sido transformar esta adaptação em uma série, pois, para quem nunca viu o anime e/ou leu o mangá e desconhece certos pontos da história não vai compreender o quanto Kira conseguiu dominar o mundo ou como é incrível a perseguição de L e Light. Em uma série haveria a oportunidade de explorar muito mais os personagens e não correr tanto com a história. 
Não estou criticando a Netflix por não ter tomado esta decisão, apenas estou expondo algo que eu gostaria que tivesse sido feito, talvez desta forma as reviews sobre a adaptação de 2017 não fossem tão duras, mas não estou ciente do orçamento e nem se por acaso “a série” fez, em algum ponto, parte do planejamento. Mas o fato de ter sido um filme já anunciava cortes de algumas cenas, como planos de Light, e personagens da história original algo até compreensível, pois não tem como condensar toda a trama de Death Note em menos de duas horas, mas o que vou ter que reprovar é a forma como a história foi executada. Alguns pontos eram claro que mudariam, não só pelo tempo, mas pela localidade (acreditem ou não o fato de se nos Estados Unidos e não no Japão acarreta mudanças na história e comportamento da população), mas uma adaptação deve seguir, pelo menos, pontos principais da história. Dentre estes deveriam estar toda a cena de Light tentando descobrir o nome real de Naomi Misora, o surgimento do segundo Kira (que significaria que também entrariam na história os olhos Shinigami), a morte dos agentes do FBI, que aconteceu no filme, porém não foi orquestrado pelo Light (como é no anime/mangá) e não acorre da mesma forma, o que não torna a cena ruim, por acaso foi uma das que eu gostei. Estas não são as únicas cenas que foram cortadas que eram essenciais para a história, são apenas exemplos de acontecimentos importantíssimos para a construção de Kira, para compreender melhor o personagem principal e ficar ainda mais submerso nesse jogo de xadrez mental entre L e Kira.
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ah não...
Mas mesmo que analisemos a adaptação da Netflix como um filme à parte que só usa do conceito de Death Note (que talvez tivesse sido o melhor caminho a tomar quando resolveram adaptar), ele não funciona. Há diversas contradições que podem até parecer pequenas, mas considerando a história como um todo deixam a história incoerente, como por exemplo as regras do caderno, algumas mudaram, outras nem apareceram, mas a principal se manteve “O humano que tiver o nome escrito neste caderno morrerá”, porém há uma cena em que Light ameaça colocar o nome de Ryuk, que é um DEUS DA MORTE, no caderno, sendo que a primeira regra diz claramente que o caderno mata humanos. E já que estamos falando do Light e das incoerências do filme podemos analisar o plano final dele (portanto se você tem interesse em ver o filme da Netflix cuidado, pois agora tem spoilers), era um plano bem meticuloso e curiosamente bem detalhado, a roda gigante onde ele e Mia (sua namorada) estavam misteriosamente seria destruída (eu tomei isto como uma tremenda contradição, pois uma das primeiras coisas que Ryuk disse a Light foi que as mortes deveriam ser humanamente possíveis. 
A cena quebrou completamente com essa regra, pois não é possível um humano, sem equipamentos e/ou máquinas, derrubar uma roda gigante), Mia cairia com o Death Note e arrancaria a folha onde estava escrito o nome de Light que seria consumida pelo fogo e anularia a morte, a menina, poer sua vez, morreria instantaneamente. Já o caderno e Light cairiam no rio e seriam salvos. Percebem como o plano foi bem detalhado? Pois é, Light ao longo do filme não mostrou ter esse tipo de inteligência. É apresentado, no começo do filme, que ele é um aluno inteligente, porém em seu tempo como Kira não houve uma vez que ele se mostrou capaz de arquitetar um plano tão minucioso, tanto que ele deixou diversas pistas que apontam para ele como responsável pelos assassinatos. Então, mais uma contradição, Light tem atitudes que não condizem com plano “inteligente” que teve no final.
Ah! E a música que colocaram enquanto Mia e Light caem, quebra totalmente o clima da cena e faz como que pareça um filme de comédia trash que entra qualquer música, contando que a letra tenha a ver com os sentimentos do personagem. E é importante que isto ocorra, a letra tem que ser condizente com o filme, mas na tentativa de encontrar uma letra de música que conciliasse com os sentimentos de Light (que é meio esquisito, pois eu não acredito que a Mia o amava de verdade) esqueceram-se que a melodia também tem que estar de acordo com a cena e, mesmo que, por algum motivo o filme tenha uma pegada dos anos 80, a música “I Don't Wanna Live Without Your Love” não condiz com a cena. Isto não acontece apenas no final, há pelo menos outras duas cenas onde a música corta totalmente o clima. Parecia que as músicas estavam no modo aleatório e por pouco não começou a tocar Despacito na cena da roda gigante. 

Personagens
Vi alguns vídeos antes de fazer o post e li diversos comentários, para saber mais ou menos o que fez essa adaptação ser tão mal recebida. Fazendo esse levantamento da opinião de outras pessoas e levando em conta a minha experiência assistindo este filme percebi que não foi somente história que fez a adaptação ser ruim, pois a história é boa, o conceito de Death Note, as consequências de seu uso e o embate de Kira e L é super interessante. Mas tudo isto faz parte do conceito original do mangá, a adaptação só pegou e americanizou. Mas mesmo com as contradições até que uma pessoa se diverte com a história (se decidir ignorar os erros no roteiro), porém o que realmente pegou a adaptação foram os personagens. Não vou entrar em grandes detalhes sobre todos os personagens que foram cortados e os que entraram, mas não estão no plano principal, vou focar apenas em quatro: Mia, L, Light e Ryuk.
Resultado de imagem para mia sutton tumblr gifA garota entra muito repentinamente na vida do protagonista, mesmo que no início do filme eles troquem olhares, foi estranho que de repente a Mia era a maior cúlpice de Light e os dois matavam criminosos juntos. Por isso que eu não acredito que ela o amava de verdade, pois “se dá completamente” assim que vê o poder do caderno, mas seus discursos (em especial no final) oscilam entre o “te amo” e o “eu quero o caderno”, então parece muito que ela o está manipulando. Eu diria que a Mia é mais Kira do que o próprio Light, pois ela quer realmente usar e tem planos para derrotar os que estão atrapalhando “sua purificação do mundo”. No mangá/anime esse personagem é completamente diferente, ela é extremamente devota a Light, ama o Kira, pois ele matou o assassino de seus pais e não se importa de ser usada pelo namorado, é doentio. 
Misa tem um Death Note também e, além disso, ela tem olhos Shinigami assim ela consegue ver o verdadeiro nome da pessoa e colocá-lo no Death Note, facilitando mais a morte dos criminosos e dos que se opõe.
Outro personagem que foi totalmente descaracterizado foi o detetive mais inteligente do mundo, L. Vou admitir que no começo do filme eu estava acreditando em seu potencial, ele era meio estranho, suspeitava que Kira na verdade estava em Seattle e não no Japão (foi um chute, mas relevemos), provou que Kira precisava do nome e rosto do indivíduo para matar e adorava doces, tudo checava certinho no que L é em sua essência, mas lá pela metade do filme o personagem se tornou algo totalmente diferente e o que era para ser um gênio calculista e sangue frio se tornou num detetive qualquer que se altera por qualquer coisinha. Isso me decepcionou demais, e vi que outras pessoas também se sentiram assim, a partir do momento que o Watari desapareceu, L se tornou um “bebê birrento” e toma atitudes que jamais o L original teria tomado. 
O personagem foi subvertido, ela pega em armas e rouba um carro de polícia para ir atrás do Kira além disso escreve o nome de Light no Death Note ??. Na obra original podemos ver, em alguns momentos sua raiva ou confusão, pelos movimentos de Kira, porém ele não se exalta ou começa a jogar coisas ao chão, tudo acontece em sua mente, especialmente os conflitos, era raro o L perder a “compostura”, por assim dizer. Isto me leva a outro ponto sobre o personagem: a inteligência. Ele parece ser muito mais inteligente do que a média ao descobrir a real localização de Kira, as pessoas dizem que ele é inteligente, porém o personagem jamais demonstra essa inteligência. Light e Misa deixaram uma série de pistas que os colocavam como culpados dos assassinatos, é incrível como o L, o suposto “detetive mais inteligente do mundo” não prendeu os dois. Vale lembrar que Kira não estava trabalhando em planos mirabolantes contra L, então teria sido bem fácil prendê-los, mesmo com o Light estando em posse do Death Note. Contudo, por algum motivo L está constantemente sendo enganado por Kira (e constantemente perdendo a calma por estar perdendo), o que não acontece no anime. Há vitórias para os dois e mesmo Light tendo o caderno, L já conseguiu colocá-lo em situações complicadas.
No que tange ao protagonista, sabemos que não tem nada a ver com o do original. Ele apanha e não tem amigos, o que jamais aconteceriam com o Light dos mangá/animes, já que ele era popular entre o pessoal da escola, com as garotas também, tinha ótimas notas e a vida perfeita, algo que o entediava, a partir do momento em que o Death Note cai do céu a sua vida muda. Ele ainda mantem a fachada de vida perfeita, filho perfeito, aluno perfeito, mas o Kira faz crescer seu complexo de deus (ponto que não foi colocado no filme). Certo, havia um suposto deus a que chamavam Kira, porém o Light da adaptação não se coloca como um deus, é pressionado pelo Ryuk a usar o caderno e só continuar a usá-lo pela Mia, e na verdade foi ela que teve a ideia de criar um deus para as pessoas. Existem muitas falhas do Light de 2017, queria listar todas aqui, mas irei me ater apenas às principais: Ele conta para Mia de cara que tem o Death Note, sendo que 1) é uma arma extremamente perigosa e 2)Light deveria manter em segredo, pois lembrem-se, ele esta mantando pessoas, se descobrirem que é ele, estará condenado. 
Ele discute os planos de Kira com Mia no meio das aulas, há inclusive uma cena em que Light e Mia estão subindo as escadas da escola, com gente ao redor, e começam a gritar sobre o Death Note e as pessoas que estão matando. Ele sente remorso, o que não é uma coisa ruim, porém não condiz com quem ele deveria ser; o deus do novo mundo justificaria mortes inocentes, por exemplo, com “fins justificam os meios”. Além de tudo isso, faltaram os planos brilhantes de Light, quem eram feitos nos mínimos detalhes, tão perfeitos que quase não pareciam reais, porém no filme ele tem apenas um plano complexo, meio forçado e que não se encaixa nas regras do Death Note. Não posso esquecer de falar aqui a cena em que o Shinigami aparece para Light, não é? Olha eu entendo que uma pessoa possa se assustar com o Ryuk, mas a reação do Light foi extremamente escandalosa e parecia tirada diretamente de um filme de ruim de comédia.
Para finalizar vamos falar de Ryuk, um personagem que eu gostei. Ele mudou um pouco da obra original para o filme, porém a interpretação de Willem Dafoe me agradou, pois consegue conciliar comentários engraçados (e fora de hora, por vezes) e a intimidação, afinal, ele é um deus da morte. O Ryuk deveria ser apenas um observador, ele, assim como Light, estava entediado com a sua vida e achava que seu mundo (dos shinigamis) estava podre, por isso decidiu buscar diversão e jogou um de seus Death Notes na Terra para ver o que aconteceria, Ryuk simplesmente quer ver o circo pegar fogo. Desde o começo fica claro que ele não tem intenções de ajudar Light, só ver o que os humanos fazem com um poder desses nas suas mãos, e sair do tédio em que estava. No filme da Netflix muda um pouco, Ryuk é bem mais ativo na história, ele incita Light a escrever no Death Note e deixa uma ameaça no ar, dá um aviso a Light quando o agente do FBI o está perseguindo e ainda destrói a roda gigante para que o plano sem sentido de Light dê certo. Mesmo assim eu gostei do Ryuk, o Willem Dafoe teve que trabalhar com o que lhe foi dado e isso ele fez bem.

Pontos que deveriam ter sido explorados
Death Note jamais foi um anime voltado à ação policial, com perseguições e destruições, era muito mais do que isso, tínhamos que estar de olho nas entrelinhas, nas discussões morais que nos eram colocadas, e por isso é tão brilhante. Foi algo que faz muita falta nesta adaptação. 
Resultado de imagem para death note gif tumblrTodos gostam de Kira? Aparentemente sim, o filme se deu ao trabalho de mostrar opiniões diferentes em relação ao Kira e nós sabemos que existem pessoas que com certeza o apoiariam, mas outras o rejeitariam e lutariam contra ele, não apenas a “força policial” encarregada do caso Kira, que no filme eram basicamente o L, James (pai de Light) e o Watari. Faltou também alguma figura para nos fazer questionar, pois nem L nem Kira podem estar absolutamente certos em suas atitudes, Kira acredita muito no que faz e acha que está purificando o mundo, mas é isso mesmo que ele está fazendo ou é apenas um gênio com complexo de deus e um tremendo poder em suas mãos que está matando aqueles que ele considera “podres”?
Outro ponto que eu particularmente teria adorado ver era a questão da mídia e como ela transmitiria as ações de Kira. Poderia tentar ser neutra, poderia se opor ao auto-proclamado deus ou ainda poderiam causar caos, medo e “gerar” fanáticos, com é no anime e no mangá a Sakura TV. Por último, a música poderia ter tido um investimento maior. Em vez de colocarem músicas aleatórias, onde só a letra combina, mas a melodia quebra totalmente o clima, poderiam ter colocados músicas mais “religiosas”. Afinal é uma história onde “surge um deus” que acha que é seu dever limpar o mundo. A trilha sonora não é algo à parte do filme, ela integra-o, assim como a fotografia, figurino e a iluminação, e deve ser usado da melhor forma possível. Seria necessário apenas ver o anime e perceber como a trilha sonora dá um suspense maior e constantemente torna as cenas mais fortes, impactantes e memoráveis.


Pessoal, por hoje é só, espero que tenham gostado do post! E comentem o que vocês acharam dessa adaptação!

L Quinn


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