
"O Rei de Amarelo":
A obra de Chambers é um livro de contos, dentre os 10 contos no livro, 4 carregam o mesmo plano de fundo, isto é, apenas 4 contos falam sobre o Rei de Amarelo. "O Rei de Amarelo" é, na verdade, uma peça, um livro que existe na realidade ficcional da obra, e qualquer pessoa que entra em contato com o mesmo acaba sofrendo uma dura penalidade - casos por vezes piores que a morte. Os 4 contos orbitam a mesma realidade, porém em diferentes temporalidades (isso é muito bem explicado nas notas de roda pé da edição da Intrínseca); os personagens não são os mesmos, mas ocorre de eventualmente eles trabalharem com artes plásticas ou esculturas, afinal Chambers era um verdadeiro amante das "finas artes". A qualidade desses 4 contos é grande, realmente prendem o leitor e o aterrorizam, cada qual a sua forma; há também algumas constantes nesses contos de Chambers, por exemplo a visão dele sobre o amor (impossível ou consumado).
O livro então detém 10 contos, 4 deles são ótimos, mas... e os outros? A bem da verdade, tive preguiça de lê-los, os contos são mais alegres e tranquilos de ler sim, porém a graça do livro está realmente na produção de terror dele. Chambers acrescentou os contos de romance e realismo por um motivo: para vender sua obra; na época (e talvez ainda hoje, infelizmente) o gênero de terror não era bem visto, nem rentável, então o autor procurou construir sua fama como escritor, não necessariamente como escritor de terror - embora pareça que Chambers sabe quando caprichar na escrita e quando "escreve com menor paixão". Diante disso, todos outros contos são fracos? Evidentemente que não! O que ocorre é uma decepção de quem (como eu) procura ler o autor pelo terror. E isso nos leva ao próximo tópico:

As diferentes edições:
Tive em mãos a edição da Intrínseca, era mais barata e seguia o formato que Chambers publicou. A edição contém os 10 contos, incluindo aqueles que falam do Rei de Amarelo e aqueles mais românticos e realistas, ademais há uma Introdução para apresentar o autor e excelentes notas de roda pé, permitem explicar a relação de Chambers com outros escritores de seu tempo, ou mesmo a relação do autor com os movimentos artísticos da Belle Époque e muito mais. A Ed. Intrínseca oferece o livro com 256 páginas e o material em capa comum.
Agora preciso mostrar o contraponto: a editora ClockTower. Uma edição luxuosa, contém 160 páginas, capa dura e alguns extras. A obra de Chambers nas mãos da Clock Tower sofre uma excelente repaginada, e por isso indicarei ela aqui mais que a Intrínseca, porque se você, nobre leitor, ficou mais interessado no terror da obra, essa edição é mais indicada, ela contém apenas o terror, seguindo o sonho do autor original.
[Há ainda uma versão em quadrinhos do Rei de Amarelo, a arte que temos no topo desse post é de lá e me pareceu incrível! Achou também? Confira mais aqui.]
[Há ainda uma versão em quadrinhos do Rei de Amarelo, a arte que temos no topo desse post é de lá e me pareceu incrível! Achou também? Confira mais aqui.]
Vale a pena?
Apesar das decepções que tive com a versão da Intrínseca, as duas versões da obra são respeitáveis e conseguem atender as demandas dos dois tipos de público: os apaixonados por terror e os interessados em qualquer tipo de estórias, o que me leva a concluir que vale muito a pena essa leitura.
Considerando todo o livro da Intrínseca e o que senti ao lê-lo, incluindo a decepção, deixo nota de 4,75/5.

Obrigado pela leitura e até breve!
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