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O Eternauta 1969 - Buenos Aires invadida!

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 Saudações iniciantes! Como vão?

Aproveitando a pandemia, com muito tempo em casa, às vezes podemos nos dar o luxo de tirar alguns livros que estavam na estante há tempos para (finalmente!) lê-los, ou podemos nos aventurar em "pequenas grandes obras": este é o caso de "O Eternauta 1969". Hoje vamos falar desse quadrinho, que embora curto, tem muito a dizer. 

Ficha técnica: Escrito por Héctor Oesterheld, desenhado por Alberto Breccia, publicado pela editora Comix Zone, em 2019, e foi recentemente reimpresso agora em agosto de 2020. Contém 64 páginas. Preço de capa de R$ 54,90.

O Eternauta 1969 | Amazon.com.br 

 O Eternauta, um sci-fi latino-amaricano: 

 A história de "O Eternauta" é famosa na argentina: Héctor Oesterheld e Solano López, entre as décadas de 50 e 60, fazem um marco nas história dos quadrinhos sul-americanos quando escrevem as aventuras de Juan Salvo, o Eternauta, um viajante do espaço-tempo. As aventuras vividas pelo protagonista se passam em uma Argentina que foi tomada por uma neve tóxica, que o simples contato leva à morte, o que levou a população a um cenário de enclausuramento e uma verdadeira distopia. Sem poder contar com ajuda exterior, pois as grandes potências mundiais deixaram a América do Sul para os invasores extraterrestres, responsáveis pela neve mortífera, em troca de sobrevivência.  É neste contexto que Eternauta ocorre.

Em 1969, Oesterheld se une ao uruguaio Alberto Breccia e produz "O Eternauta 1969", uma versão bem mais adulta do universo do personagem, mas nem por isso menos interessante. A história é narrada pelo Eternauta para um desenhista de quadrinhos, contando como foi a terrível invasão alienígena e as dificuldades de se manter vivo naquele cenário. É importante frisar que o contexto de produção da obra, o ano de 1969, a Argentina passava por uma ditadura, o que levou ao cerceamento das liberdades civis, o que inspirou na produção da obra.

Arte e roteiro:

Acho que é muito importante ressaltar elementos dessa pequena pérola. Um quadrinho bom é definido pelo alinhamento entre arte e roteiro, e o "Eternauta 1969" é um caso de quadrinho bom, ou melhor, um quadrinho muito bom. 

Começaremos pelo roteiro: Oesterheld escreve muito bem, a HQ contém poucas páginas, porém uma quantidade razoável de texto, sem ser algo irrelevante. O que há aqui é o domínio da palavra. Não vi perda da qualidade do texto ao longo da obra, mas por questões editoriais, o quadrinho precisou ser finalizado em menos volumes que o esperado, o que impactou diretamente na conclusão da obra, e isso é sentido com facilidade pelo leitor. 

No campo do desenho, um outro colosso: Breccia. Seu traço, preto e branco, sujo, tomado como impreciso (fruto de uma arte mais expressionista) é algo que impressiona os olhos. A arte do desenhista foi criticada já na época de publicação, o que é comentado tanto no prefácio e nos extras da edição da Comix Zone - e é necessário ler esses textos! A compreensão da obra se torna fundamental.  
 
Comix Zone Lança O Eternauta 1969, de Oesterheld e Alberto Breccia -  UNIVERSO HQ
 Em "Eternauta 1969", Breccia procura tornar as feições dos personagens menos nítidas que na arte de Solano López, a razão disto é uma tentativa de descentralizar aquelas personagens, alegando que poderia ser qualquer pessoa naquela situação distópica, podendo ser eu ou você, caro leitor. É o recurso ao anonimato e do expressionismo que nos desorienta na narrativa, exige mais atenção; mas também contamos com os diálogos de Oesterheld para saber qual personagem está falando. E falando no roteiro... que narrativa incrível! Não só pela qualidade dos diálogos, mas também, e principalmente, pelo enredo, onde há uma forte discussão política e uma ótima ficção científica. 

Conclusão:

O Eternauta 1969 é certamente uma ótima forma de se introduzir nos quadrinhos argentinos, que contém uma produção muito vasta e de alta qualidade. Outra coisa que é certa é que darei chance a outras obras da dupla (como Sherlock Time, também publicadas pela Comix Zone), pois fiquei surpreso com a qualidade do material. Mas, apesar de toda força da obra, por conta do contexto histórico no qual ela foi produzida também contribuiu para que as publicações não fossem continuadas, o que levou a um final apressado e afeta a história negativamente. 
 
Com tudo isto em mente, avaliamos a HQ com 4,5/5. Uma pequena pérola, em páginas e no grande legado dos quadrinhos argentinos, que merece ser conhecida pelo grande público.
 
 Bônus: deixarei aqui a indicação do podcast do Confins do Universo que fala dos quadrinhos argentinos, muito útil para a produção deste post. 

E você, já leu um quadrinho argentino? Comente aqui o que achou desta resenha!
Abraços e até breve!


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