Na Idade Moderna, por volta do século XVIII, havia uma crença recorrente entre as pessoas mais religiosas, a crença que foi inaugurada pelo...

Cândido, ou O Otimismo - Voltaire: "Esse só pode ser o melhor dos mundos possíveis!"

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Na Idade Moderna, por volta do século XVIII, havia uma crença recorrente entre as pessoas mais religiosas, a crença que foi inaugurada pelo filósofo e matemático Gottfried Wilhem Leibniz (1646 - 1716). Leibniz dizia que, se Deus era um ser sumamente bom e onisciente, então ele só poderia colocar os humanos no melhor dos mundos possíveis; é precisamente sobre esse otimismo leibniziano que trata a obra de Voltaire, a qual falaremos hoje. Vamos falar de um clássico!


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Sobre a obra, seu enredo e objetivo:


A obra é uma sátira, esse é o primeiro ponto que devemos tratar; não há aqui preocupação com os pensamentos dos personagens, eles são rasos pois devem ser rasos, seus objetivos são claros e eles buscam atingi-lo. O protagonista é Cândido, um alemão que vive num castelo na região de Westfália; por conta de sua paixão pela jovem e bela sra. Cunegunda, Cândido é expulso do castelo e a partir daí desenvolve a história.


Tratando-se de uma sátira a essa concepção otimista de “vivemos no melhor dos mundos” (concepção essa que Cândido aprende com o mestre Pangloss), Voltaire procura expor ao leitor que, se este for o melhor dos mundos não  gostaríamos de conhecer o pior. Somos apresentados à cenários de guerra, violência, bandidagem, corrupção, intolerância (assunto importante para Voltaire, uma vez que esse era um Iluminista e defendia a liberdade de expressão) e fanatismo (Voltaire critica constantemente a Inquisição por diminuir a liberdade religiosa). Ao longo dos capítulos somos apresentados a uma desastrosa sequência de fatos que passaram pela vida de Cândido - e cada fato ocorre ao acaso, o que também vai contra a doutrina leibniziana que acreditava que tudo possui uma razão ou princípio fundamental para acontecer.


Sobre a edição:
Resultado de imagem para candido ou o otimismoO livro tem uma dinamicidade que me fisgou de jeito, numa sentada se lê, facilmente, cinco capítulos; a escrita de Voltaire também é suave e cai como uma pluma. Recomendarei a versão da Cia das Letras/Penguin Editora pois o livro contém diversas notas de rodapé que foram cruciais na minha leitura, explicando por exemplo a filosofia de Leibniz, podemos compreender melhor algumas palavras que o autor usa e alguns hábitos que havia no século XVIII.
Minha crítica fica mais ao final do livro, pois toda a dinamicidade começa a sumir, os capítulos finais se tornam grandes, descritivos (especialmente quando o protagonista chega em Paris!) e fica uma leitura mais arrastada, um final já esperado (ao menos por mim), mas que contém algumas reviravoltas cômicas.
Vale a pena?
É um clássico. Voltaire é conhecido por seus escritos filosóficos sim, mas há algumas sátiras que entraram para a história da literatura mundial, e essas você certamente não vai querer perder. Com uma escrita irônica, refinada, com muitas alfinetadas nas diversas hipocrisias da sociedade, Cândido, ou o Otimismo vem como um respiro de uma boa literatura e talvez seja necessário para o leitor que esteja de saco cheio de ler mais do mesmo.

Deixarei aqui um link para falar um pouco mais sobre o Leibniz: http://www.fem.unicamp.br/~em313/paginas/person/leibniz.htm

E aqui tem um pouco sobre quem foi Voltaire: http://www.filosofia.com.br/historia_show.php?id=90



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