A Garota que eu quero

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Um título bem incomum para um livro, embora seja perfeito.

Markus Zusak (autor de A menina que roubava livros), explorou em todos os sentidos o cotidiano, o pensamento e os sentimentos de um adolescente e seu primeiro amor. Com direito à pensamentos sinceros (que todo garoto tem) e poemas do próprio personagem entre os capítulos.

É uma narrativa bem gostosa e tranquila, aquele romance que não é meloso, e sim para você se identificar com algumas partes do livro, e em outras apenas refletir em cima dos acontecimentos.

" As páginas e as palavras são o meu mundo, que se estende diante dos seus olhos e das suas mãos, para serem tocados."

Sinopse

Cameron Wolfe tem fome. Cansou-se de ser um maldito perdedor, deplorável, meio risonho e meio carrancudo, sempre tentando impressionar. Ele finalmente conheceu uma garota, e seu espírito foi inundado por palavras. Agora Cameron está determinado a provar que não há nada mais belo que um perdedor disposto a lutar.

Trilogia

A garota que eu quero é o terceiro livro de uma trilogia de Markus Zusak. Em inglês esse livro tem o título When Dogs Cry, e foi lançado na Austrála em 2001, e os antecessores são The Underdog (1999) e Fighting Ruben Wolfe (2000). Nos EUA em 2003 o primeiro livro foi lançado com o nome Getting The Girl, e foi esse o título utilizado para essa versão traduzida, além disso, os livros anteriores foram traduzidos como O Azarão e Bom de Briga.

Os dois primeiros livros contam da história dos irmãos Wolfe (Steve, Ruben e Cameron), além da tentativa de Cameron de se tornar alguém, com os acontecimentos voltados ao clube de luta que os irmãos participaram para ganhar dinheiro e as suas primeiras decepções.

Todavia, A Garota que eu quero, tem um foco para a vida amorosa de Cameron e em as suas palavras nos poemas, além disso, é 100% de certeza que o leitor vai entender a história mesmo não lendo os dois livros anteriores.

Resenha

Nos primeiros capítulos, Cameron conta um pouco sobre si, de como tem que aguentar ver o irmão tratando as namoradas de um jeito deplorável, de como nunca encostou em uma garota, os pensamentos de todo adolescente e a sua conformidade de que é um perdedor. Mas isso começa a mudar quando percebe que a atual namorada de seu irmão Rube, é algo diferente e especial de todas as antigas namoradas, e percebe que começa a ser alimentado um sentimento que há muito tempo estava adormecido dentro dele.

"Parecia haver uma coisa brotando dentro de mim. Era algo que eu não via,

nem conhecia ou entendia. Simplesmente estava lá, misturando-se no meu sangue.

Muito depressa, muito repentinamente, palavras despencaram pela minha mente.

Aterrissaram no piso dos meus pensamentos e lá, lá embaixo, comecei a catá-las.

Eram excertos de verdade recolhidos do meu interior.

Mesmo à noite, na cama, elas me acordaram.

Pintaram-se no teto.

Gravaram-se a fogo nos lençóis da memória estendidos na minha mente.

Quando acordei, no dia seguinte, escrevi-as em um papel rasgado. E, para mim,

o mundo mudou de cor naquela manhã."

Com isso, Cameron tenta desvendar os seus próprios sentimentos com palavras que escrevia a cada noite (e que são mostradas entre os capítulos), para que algum dia, alguma hora, em alguma ocasião, pudesse expor esses sentimentos para a garota que lhe causou isso.

Opinião

Por ser uma narrativa sincera (ou seja, ele expõe mesmo o que está pensando) pode ser que não agrade à todos, mas esses fatores são essenciais para entender como o personagem pode ser qualquer garoto adolescente do cotidiano, o tornando mais normal e humano.

"Eu queria apenas ser tocado por uma garota, um dia. Queria que ela não me olhasse como se eu fosse um perdedor imundo, rasgado, meio risonho e meio carrancudo que tentava impressioná-la.[...]
Eu estava engolindo visões e me espojando em minha própria mente,

com a sensação de que poderia me afogar, satisfeito, dentro de uma mulher.

Nossa, como eu queria isso.

Queria me afogar dentro de uma mulher, no sentimento e no enlevo do amor

que poderia lhe dar. Queria que a intensidade da pulsação dela me esmagasse. Era

isso que eu queria. Era isso que eu queria ser.

Mas.

Não era."

Por fim, o que mais me chama atenção nesse livro, são os poemas de Cameron. Sempre aparecendo um cachorro (por isso as referências nos títulos originais), e as vezes, ele mesmo é o cachorro, sempre faminto e desnorteado. Eles mostram a parte mais profunda do personagem, os sentimentos mais sinceros e em segredo, o que torna o livro cada vez mais especial.

Recomendo para todos que procuram algum livro alternativo para passar o tempo, e se embriagar com frases marcantes e sinceras.

"Quero que minhas palavras construam pontes tão fortes que seja possível caminhar sobre elas. Quero que elas se elevem acima do mundo, para que eu possa me erguer e andar até o outro lado.

Ás vezes a gente tem que se agachar para construir uma ponte.

Já é um começo, acho."

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Arya

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