Olá pessoal! Hoje eu vim falar de um filme de terror um pouco diferente dos tradicionais que costumamos assistir. Ele envolve comunidades isoladas, tradições bizarras e se passa quase que todo a luz do dia, "Midsommar - o mal não espera a noite".

A história:

Após um trágico acidente na família, Dani decide acompanhar seu namorado Christian e um grupo de amigos (Pelle, Mark e Josh) até a Suécia para conhecer a comunidade pagã de Harga, que é isolada e conta com seus rituais próprios da qual Pelle fazia parte. O objetivo de ida de Dani ao local era esquecer do que havia acontecido, já do grupo de rapazes, era fazer uma tese sobre o lugar, sobre as pessoas e sobre os costumes que eles tinham.

No primeiro dia de estadia no local, o grupo se encanta com as características dos moradores - que são um padrão de pessoas brancas, loiras ou ruivas, com olhos claros - e as características físicas do lugar onde a comunidade estava instalada - diversas flores, frutos, animais, casas abertas e o fato mais curioso, naquela parte da Suécia, durante o verão, estação do ano na qual o grupo visitou o local, quase não anoitecia completamente, ou seja, tudo era feito em plena luz do dia.

E apesar dos moradores da comunidade receberem o grupo de visitantes estrangeiros super bem no primeiro dia, após assistirem um ritual completamente inesperado e desagradável, o grupo de amigos - tirando Pelle - começaram a repensar se estar lá ainda era uma boa ideia.

O relacionamento de Dani e Christian:

Desde o início do filme, nós espectadores, percebemos o quanto este relacionamento entre as personagens está ruim. Dani tem problemas com a família e com a irmã bipolar e apoia em Christian todas as suas mágoas e desesperos em relação a isso. 

É óbvio o quão Christian está infeliz com o relacionamento e quer se separar de Dani, porém ele vive adiando a decisão com medo de deixá-la ainda mais instável psicologicamente.

Porém, tudo começa a mudar quando os amigos e o casal vão para a tal comunidade pagã. Durante a trama, é possível perceber que, ao passar dos acontecimentos, rituais e afins, Christian está cada vez mais afastado de Dani, se importando pouco com os problemas e as crises de choro da personagem, fazendo com que a garota tivesse que esconder os próprios sentimentos para agradar ao namorado. Por outro lado, Dani começa a se aproximar das pessoas da comunidade e percebe que está sendo acolhida, mesmo que de modo indireto, por aquela nova "família".

Com isso, as relações se invertem: Dani passa a ser "superior" e "mais valorizada", enquanto Christian acaba se tornando o antagonista do filme aos olhos dos espectadores e torna-se "menor" diante da namorada.

E quanto ao terror?

O terror de "Midsommar" é mais focado no psicológico/alternativo e o diretor fez um trabalho primoroso neste filme explorando além características comuns do gênero, como a estranheza de um local, sangue, cenas gráficas, tudo isso em plena luz do sol nos rostos de quem estava lá e de quem assistia, pois esse tipo de cenário em filmes do gênero é completamente incomum. 

Além dos fatores citados acima, o filme engloba rituais bizarros (para nós e para os visitantes, pelo menos), gore, violência gráfica e o mais chocante de tudo - os moradores de Harga levam tudo como se estivessem apenas tomando um café uns com os outros, o que deixa o espectador ainda mais perplexo.

Outro fato interessante sobre o filme se passar a luz do dia é nos dar a sensação de estarmos perdidos no tempo, pois há uma confusão entre o passar do dias, isto por conta do clima estar sempre ensolarado; essa confusão é acompanhada dos malucos e intermináveis ciclos de  rituais da comunidade.

Pontos curiosos e minha opinião:

O filme entrega de forma sutil o destino dos personagens e os acontecimentos passados, porém estamos tão atentos as bizarrices ao nosso redor que não damos muita atenção a isso.

Existem plot twists? Existem, e foi uma das coisas do filme que eu mais gostei, pois ele nos leva por um caminho e depois vira sutilmente para outros, nos fazendo enxergar algo que ou tínhamos deixado passar batido ou não tínhamos notado ainda, pois o diretor cria expectativas ao longo de todo o filme para pegarmos como dicas do que iria acontecer.

A única coisa que me chateou um pouco no filme foi o completo esquecimento da tragédia inicial que culminou na ida de Dani para a Suécia junto do grupo (o que não estava nos planos inicialmente). Contudo, acredito que a intenção do filme era essa: deixar a trama inicial de lado para nos concentrarmos totalmente naquela comunidade completamente estranha, nos costumes e nos destinos das personagens.

Ao longo do filme você percebe que a relação dos amigos (Mark, Josh e Christian) se torna frágil e distante, fazendo com que eles não se importem muito uns com os outros. De modo oposto, Dani se aproxima muito de Pelle, que se identifica com a história familiar da amiga e tenta, ao máximo, fazê-la se sentir bem dentro da comunidade.

No geral, eu gostei muito do filme. É um terror diferente, que aborda questões fora da caixa e que prende o expectador do começo ao fim. Recomendo pela experiência de incrivelmente bizarra e interessante e pelo fato de não ser um filme "lugar comum" e que ao final você deseja ver um pouco mais.