"Não! Não olhe" (tradução de "Nope!", título original) é o mais recente filme de terror de ficção científica do famoso diretor e roteirista Jordan Peele. O longa-metragem tem duração de 131 minutos. Depois de sucessos como "Nós", "Corra!" (tradução de "We" e "Get out!", respectivamente), será que o diretor nos entregou mais um terror de sucesso? Confira abaixo a nossa opinião!

Jordan Peele, um fenômeno cinematográfico:

    Já fazem alguns anos desde que "Get Out!" (2017) foi lançado, de lá para cá, Jordan Peele se transformou num ícone para o grande público que se interessa por cinema. Dois são os motivos que destacam a produção do diretor: 1) a sua nova abordagem aos velhos gêneros do cinema, revitalizando-os, e (2) a representatividade negra nas produções audiovisuais. Mas estas características caminham juntas em seus filmes, como explicaremos a seguir, mas estas duas características o colocaram em destaque, criando um certo grupo de fãs de suas obras. Foi graças ao longa de 2017 que Peele conseguiu um Oscar por "Melhor roteiro original", e o protagonista (Chris Washington) interpretado por Daniel Kaluuya, formou uma parceria que retorna em Nope!. 

"Não! Não olhe!" para onde?

    Como dito acima, o diretor é responsável por revitalizar gêneros "ultrapassados" do cinema norte-americano (mas que, fora do mainstream, estão sempre se reinventando) e incluir uma discussão histórica e cultural sobre o povo negro num mesmo filme. Aqui não é diferente: é informado, logo no início do filme, que uma das primeiras produções cinematográficas feitas na história ("Cavalo em Movimento, de Eadweard Muybridge, 1878) destocou o papel do fotógrafo, europeu, branco na criação do cinema, no entanto, não é destacado que o ator que montava no cavalo era um homem negro. Esse detalhe, revela um apagamento dos grandes feitos históricos do povo negro, mas também serve de princípio para Nope!, porque os protagonistas - os irmãos OJ (Daniel Kaluuya) e Emerald Haywood (Keke Palmer) - são descendentes  deste domador de cavalos, por isso mantém o legado da família como treinadores de cavalos usados em filmes de Hollywood. 

    No entanto, o filme é capaz de fazer uma rápida crítica nesta direção: quando a equipe de produção vê a dificuldade para adestrar o cavalo a ser usado nas filmagens, logo o substituem por um animal em computação gráfica, deixando os irmãos com menos condições de emprego. Em paralelo, o filme demonstra como eventos inusitados nos arredores do rancho (onde guardam os cavalos) podem ser uma ameaça ainda maior para esta família - ou a chance de mudarem de vez o estilo de vida: os irmãos Haywood estariam diante de algo nunca visto antes pela humanidade.

    Assim, Nope! apresenta três campos distintos: o primeiro, é sobre o "não olhar" para a história da população negra; o segundo é sobre as mudanças nas condições de trabalho que vêm afetando a indústria de cinema, tais mudanças ocorrem continuamente que ninguém está "olhando" para isso; o terceiro elemento que envolve o "olhar" está diretamente relacionado com a trama, portanto não poderei falar aqui, mas é bem trabalhado também.

Veredicto:

    Ainda que tenha uma boa condução, personagens carismáticos principais e secundários (à título de menção honrosa, citarei o trabalho divertido de Steven Yeung e Brandon Perera) e uma mensagem valiosa (que só será percebida com uma atenção maior dos telespectadores), "Não! Não olhe!" entrega um sentimento misto: é atraente em muitos modos, mas possui uma trama simples - abertamente inspirada em clássicos de sci-fi, como "Guerra aos Mundos". Reinventar o gênero é um objetivo atendido: falar de uma ameaça alienígena e não usar armas, por exemplo, é algo a ser destacado. Contudo, a história se mantém na simplicidade, o que pode decepcionar alguns. Evidentemente recomendamos Nope!, mas "fique de olho" nas expectativas! 

Obrigado por terem lido o post até aqui, esperamos que tenham gostado! Comentem e divulguem para contribuir com nosso blog!

Abraços e até a próxima!