A continuação começa com uma amostra do dia a dia comum de de Vanellope e Ralph após o fim do primeiro filme. Em pouco tempo de telão, o filme já consegue tratar com perfeição a relação dos nossos dois heróis, mostrando o laço extremamente forte que eles formaram, a qual acabará sendo o foco central de toda historia.

Já no começo vemos uma Vanellope mais desapegada ao fliperama, que tem sede em saber o que tem lá fora. Em contraponto, existe um Ralph mais pé no chão, sem a menor vontade de mudanças, bem diferente do que vimos no inicio da franquia.

O filme tem uma divisão de dois arcos centrais, e o primeiro começa a partir do momento que assistimos o jogo de Vanellope quebrar, levando os dois protagonistas a se aventuraram pela internet.

E fiquei abismado, no decorrer do filme, com a atenção minimalista aos detalhes. Desde avatares de famosos que aparecem como estear eggs, até o mundo dos sites que conhecemos e amamos.

O Instagram se tornou uma galeria de arte e o Pinterest, um exposição de fotografias ao estilo vintage. Se você analisar com atenção, você poderá até encontrar uma pequena referencia à Wikipedia. 

Mas com certeza os pontos altos são o site da Disney e a mistura entre youtube e Buzzfeed que a animação trouxe. Primeiro temos um Magic Kingdom totalmente virtual, onde encontramos toda magia do multiverso Disney, mais os testes que adoramos fazer em um só lugar. Além temos essa área infestada de piadas que dominaram a internet nos últimos anos.

Uma coisa que não podemos falar, é que a Disney não evolui. De uma marca consolidada por princesas submissas e fracas como Branca de Neve e Aurora, até as aventureiras Moana e Merida. Cada vez mais, a empresa se torna um simbolo para as novas gerações de meninas se virem como a heroínas que elas são.

O filme é marcado por grandes figuras femininas que fazem o filme rodar e as telespectadoras se enxergaram em diferentes posições na sociedade. Deste Yesss, o algorítimo principal do Buzztube, sendo uma clara alusão as CEOs do vale do Silício, até Shank, a garota barra pesada que é a personagem focal de seu jogo. Por fim temos nossa garota Vanellope, essa personagem forte que é o melhor  retrato possível da geração Z.

Necessito ressaltar também a franquia princesas, que em seu pouco tempo de tela, não só fez piada com suas próprias falhas, como mostrou o quão heroicas todas elas podem ser.

Precisamos falar sobre o grandão. Precisamos falar sobre esse personagem que já sofreu tanto, que acaba se tornando extremamente dependente emocional da unica grande amizade que ele conseguiu ter. Não quero relevar os seus erros no decorrer da trama, mas temos que ver todo contexto por trás.

Ralph é a pura imagem da ansiedade social na era tecnológica. Com uma compulsividade em ser amado, ele faz de tudo para alegrar sua melhor amiga, mesmo errando muito no processo. A internet também acabou se tornando uma ferramenta, não apenas para ele tentar salvar o jogo de Vanellope, mas também de se sentir querido por milhões de anônimos, igual as angustias da atual geração.

Ele também é a imagem do homem que precisa aprender a quebrar seu machismo, vendo que não precisa ser o herói de sua amiga, pois ela sabe cuidar de si mesma.

Mas principalmente, ele é aquele amigo que precisa lidar com a separação. Aquele amigo que não quer perder aquela que ergueu a mão dentro da escuridão. Essa tarefa não é fácil na vida real, como também não é nesta obra cinematográfica. Este grande anseio de Ralph e sua fragilidade em relação a grandes mudanças, acaba sendo o pivô de todo segundo arco da história.

Como havia falado anteriormente, a nossa corredora é o retrato perfeito da geração que está entre a adolescência e a vida adulta. Não contenta com o fliperama, ela quer explorar a internet e se encontrar.

Extremamente cômica e fofa, ela é a forma que a Disney usou para representar as novas meninas em um filme. Sem necessidade de um vestido lindo, mas sim de roupas que a deixam confortável, além de ter não seus sonhos relacionados a encontrar romance e a necessidade de independência, ela é tudo que as jovens imploraram para marca nesses últimos anos.

Sendo oficializada pela franquia Princesas ou não, ela é uma delas. O filme deixa claro isso. Todos os requezitos são feitos, e acima de tudo, ela é a perfeita renovação a imagem da realeza disney que eles sempre quiseram encontrar.

Meus queridos, eu achava que o Oscar de melhor animação já era de "Os Incríveis 2", mas novamente a Disney trava uma guerra civil pela estatueta.

O filme é extremamente profundo, com temas muito atuais, e não estou falando apenas da internet. O filme é uma celebração a tudo que envolve a vida dos Zs, incluindo seus medos e sonhos.

O Império Mickey tem uma filosofia em fazer filmes para toda família, mas com temas que podem ser enxergados apenas por olhos mais maduros. Wifi Ralph não é diferente, e quem mais sentirá isso no cinema são os novos jovens.

Esse filme é para aquele grupo que está se formando no colegial e tem que começar em lidar a se afastar de seu grupo de amigos da vida toda. Este filme é para aqueles jovens loucos que como eu que resolveram fazer as malas e perseguirem seus sonhos muito longe de sua casa.É para aqueles que estão cansados de dizer adeus. Mas principalmente, esse filme é para todos pós-millennials, e para as outras gerações que vierem, saberem que as pessoas erram, mudam, e seguem seus rumos de formas distintas, mas nada pode destrói uma amizade de verdade.