A nonagésima segunda edição do "The Oscars", maior premiação do cinema da industria norte americana, acontecerá neste domingo, ...

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Guia rápido (e opinado) do Oscar 2020

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  A nonagésima segunda edição do "The Oscars", maior premiação do cinema da industria norte americana, acontecerá neste domingo, 9 de fevereiro de 2020, e eu sei que muitos de vocês não tiveram tempo para assistir a todos os filmes indicados na categoria principal, então aqui vai uma revisão sem spoilers mas cheia de pequenas criticas feitas por um estudante de atuação.


imagem retirada de "https://oscar.go.com/" 



JOKER/CORINGA

  Vamos começar com o queridinho do publico, o visceral e anti-heroico Coringa (2019). 
  Dirigido por Todd Phillips da trilogia "Se beber não case"(2009, 2011, 2013) e protagonizado por Joaquin Phoenix, estrela de "Ela" (2013), a historia centra no mais famoso antagonista de Batman nos almanaques da Dc Comics, mas de uma forma nunca antes performada. 
  A performance de Phoenix como Arthur Fleck, a trilha sonora feita por Hildur Guðnadóttir e a fotografia de Lawrence Sher são os grandes destaques do filme, que dança entre o lado mais cruel da sociedade e a loucura de seu protagonista.
  Com uma pitada de comedia clássica italiana refeita nos anos 80, um certo "cartunismo" a la Looney Tunes em um clima totalmente antagônico a bondade humana, o filme estripa o telespectador e faz com que ele seja exposto a crueldade do mundo e a falta de investimento na área da saúde mental publica dos Estados Unidos.
  Unica coisa que eu creio que eles pecaram foi na falta de sensibilidade em heroificar demais a imagem do coringa, em uma época em que estão cada vez mais comuns os tiroteios em escolas dos Estados Unidos. Mesmo não sendo a intenção dos produtores, nem mesmo do diretor, o filme acaba justificando algumas grandes atrocidades na América do Norte como Columbine nos EUA e a chacina da Politécnica de Montreal no Canada, com a ideia que isso só aconteceu pois eles foram injustiçados pela sociedade e eles que são os heróis da história.
  Eu quero muito que eles levem a estatueta de melhor ator, mas essa não é a hora certa para um filme como esse receber a principal estatueta da noite.

Poster Oficial retirado do IMDb.


Ford Vs Ferrari

  Dirigo por James Mangold, famoso por filmes como "The Wolverine" (2013) e "Logan" (2017), o filme é estrelado por Matt Damon e Chrisitan Bale.O longa-metragem conta da historia real da batalha da Ford para bater os invencíveis italianos da Ferrari na corrida de Le Mans de 1966.
O filme é bem feito, mas nada que faça se destacar entre seus concorrentes pelo prêmio principal. É um ótimo filme para se ver em família pós almoço num domingo, enquanto come um pedaço de bolo de chocolate feito por sua vó, ou para assistir na sessão da tarde com seus irmãos. no primeiro dia de férias. Pode até despertar o amor por cinema (ou mais provavelmente, por corridas), no seu priminho ou priminha de 5 anos, mas não é o melhor filme do ano.
A industria norte americana está saturada de filmes sobre o herói bruto com bom coração que precisa derrotar o vilão estrangeiro para trazer honra ao seu país e sua família, sendo parte de uma corporação de interesses duvidosos.
Pessoalmente, acho o mais fraco da lista, mas não ficaria surpreso caso o filme ganhasse o prêmio principal para que a academia não entrasse em mais polemicas.


Poster Oficial retirado do IMDb.

Parasite (Gisaengchung)/Parasita

  Como explicar essa obra-prima sul coreana dirigida por Boong Joon-ho e estrelado por Park So-dam, Choi Woo-shik, Song Kang-ho e Jang Hye-jin
  O filme ganhador do prêmio principal do festival de Cannes de 2019, conta a história de uma família de classe baixa da Coreia do Sul que acaba criando falsas identidades para que possam trabalhar na casa de uma família extremamente rica e extremamente esnobe.
  O filme é uma critica de classes muito bem feita, tendo sua história feita de forma poética, jogando entre o absurdo, o horror, o mistério, a sátira e principalmente, o retrato do paralelo entre duas sociedades no mesmo país.
    Em paralelo a Coringa, vale ressaltar que os dois acabam de certa forma justificando assassinatos, mas no caso de Parasita vale a compreensão pois é um filme feito em uma pegada mais de horror e não há um "endeusamento" dos protagonistas nada heroicos.
  Em relação a atuação, a um trabalho muito bem feito por todo o elenco, principalmente em empatia pelos seus personagens e trabalho em grupo.
  A obra de Boong está sendo aclamado pela mídia como a melhor obra do ano, e uma vitória sul coreana no festival mais respeitado da língua inglesa, seria uma vitória não somente para o seu país de origem, mas sim para todos que não são da indústria anglófona, pois assim, obrigaria os gigantes do cinema perceberem que eles não são os únicos no mundo.


Cartaz sul coreano oficial de Parasite.


Marriage Story/ Hístoria de um casamento

  Simples, bem feito e com um ótimo elenco. Historia de um Casamento é um filme dirigido por Noah Baumbach e estrelado por Scarlett Johanson e Adam Driver, que conta a historia de todo processo de divórcio de um casal de artistas que estavam anos casados, mas perceberam que não se amavam mais como antes.
  Com um estilo quase teatral, o elenco renomado dessa obra eleva as palavras do roteiro e faz com que a historia de Baumbach se torne algo intimista e doce, perfeita para pessoas que acabaram de terminar um relacionamento e querem chorar tomando sorvete e chorar até esquecer a vida.
  Não é um filme que aborde um grande problema da sociedade ou que revolucione a indústria, mas consegue ter uma certa força na competição pela maestria do elenco em relação a entrega aos personagens.
  Não creio que será o grande vencedor da noite, mas não creio que não seja merecedor das indicações.
   Tá com o coração partido? Corre para sua Netflix e chore vendo esse filme original deles, aclamado no festival de Veneza.


Poster Oficial retirado do AdoroCinema.

Little Women/ Adoráveis Mulheres


  Caros leitores, peço perdão pela forma como falarei desse filme antecipadamente. Tem muita gente nesse elenco que eu amo para manter a sofisticação. Desculpas feitas, hora dos comentários.
  "Nossa, para que mais uma adaptação desse livro?" É o que muitos cinéfilos e críticos estão majoritariamente comentando, a grande maioria deles são formadas por homens. Eu também sou homem, mas reconheço que essa história continua extremamente atual e necessária, pois o livro que serviu de base para essa obra cinematográfica é de 1868 mas ainda hoje, a mulher que não quer casar é extremamente julgada pela sociedade, outras tem que desistir de seus sonhos por casamento e outras acabam matando suas paixões pessoais para serem mães.
  O filme, guiado pela diretora Greta Gerwig (injustiçada na categoria melhor direção), é como se fosse várias pinturas ganhando vida sobre nossos olhos, com as atuações fortíssimas de Saiorse Ronan, Emma Watson, Florence Pugh e Eliza Scanlen no papel das 4 irmãs protagonistas, a deslumbrante Meryl Streep no papel da tia viúva delas, Laura Dern como a mãe doce e presente das protagonistas, e Timothée Chalament, como o melhor amigo das meninas/ interesse amoroso/ o quinto irmão não oficial.
 Com certeza no meu top 5 para a categoria principal, esse filme é perfeito para temporada de natal, ou qualquer outro momento que quisermos ser inspirados por essas "adoráveis" atrizes e sua diretora gigante.


Poster Oficial retirado do IMDb.

1917


  Quer ver um filme que expõe o terror da guerra da forma que é? Um filme inteiramente sem cortes? Um filme que você não poderá sair para ir ao banheiro senão perderá algo importante do filme mas mesmo assim você não irá querer ir ao banheiro pois está concentrado chorando? Então 1917, dirigido por Sam Mendes (por favor não confundir com o cantor teen canandense Shawn Mendes), é o filme perfeito para você.
  Atual grande favorito para ganhar a estatueta principal, o filme comandado por Mendes é simplesmente um dos melhores filmes de guerra que eu já vi e a fotografia feita por Roger Deakins é assustadoramente linda. 
  O filme faz com que os telespectadores emerjam na saga de dois soldados britânicos, que ganham vida na pele dos atores George MacKay e Dean-Charles Chapman, em plena primeira guerra mundial, por sua jornada basicamente impossivel contra o tempo.
  Um filme que não glorifica a guerra, mas sim que te leva a sentir tudo que os soldados passam, é simplesmente bárbaro em todos aspectos, sendo meu segundo favorito para categoria principal.

Cartaz oficial para os cinemas retirado da Wikipedia.


Once Upon a Time in Hollywood/ Era Uma Vez em... Hollywood


  Meu grande favorito por muito tempo e filme mais leve já dirigido por Quentin Tarantino, o filme nos leva de volta para a era de ouro do cinema dos Estados Unidos, e reescreve um dos momentos mais trágicos da industria do entretenimento global.
  Protagonizado por Brad Pitt e Leonardo DiCaprio, o filme faz com que todos aqueles da industria do cinema se sintam fortalecidos e inspirados, principalmente atores e estudantes de atuação (como é meu caso).
  Por muito tempo eu vi esse filme como o mais genial feito esse  ano, mas com o passar das estações, minha imersão como espectador no cinema mundial, eu comecei a pensar, "Tá, esse filme é ótimo para pessoas que amam e querem trabalhar com cinema, mas e para os outros?" Minha vó provavelmente não gostaria desse filme, minha mãe chamaria de desnecessariamente violento, meu pai até entenderia, mas não tocaria ele como me tocou e minha irmã provavelmente diria que ela preferia Lalaland em relação a filmes sobre Hollywood. 

  Eu continuo achando que esse filme é genial, mas é um filme feito para a academia do Oscar se sentir lisonjeada. Sendo bem sincero, em um ano com criticas fortíssimas na concorrência, Era uma vez em... Hollywood critica o que o mundo inteiro já sabe que é ruim e de certa forma não agrega muito em comparação a Coringa, Parasita, 1917, Jojo Rabbit (e até mesmo Adoráveis Mulheres).
  Mas eu não posso acabar minha analise desse filme com uma critica negativa pois eu amo as obras do Tarantino e continuo achando esse filme incrível, então assistam de qualquer forma. 

Poster retirado da internet.


The Irishman/ O Irlandês.


  Olha, tem que ter muita paciência, gostar muito de filmes de mafia e dos filmes do Martin Scorsese para focar nas 3 horas de filmes que O Irlandês nos proporciona.
  O filme conta a história do irlandês Frank Sheeran, interpretado por Robert De Niro, que se envolve com a mafia italiana e o sindicado dos caminhoneiros, durante a década de 30 até a década de 80.
  O grande destaque do filme, na minha opinião, vai para Al Pacino no papel de Jimmy Hoffa. Eu totalmente esqueci que ele era ele de tão imerso no personagem que ele estava. As cenas em que ele estavam eram sem dúvidas as minhas favoritas, pois não conseguia tirar os olhos da interpretação brilhante dele.
 Mas eu não quero e nem aceito que esse filme ganhe a estatueta principal. Ele é extremamente cansativo e difícil de se concentrar por 3 horas. O problema não é o tempo. Titanic tem 3 horas, Avatar quase tem 3 horas, e eles não são filmes cansativos de se ver. O problema é a historia extremamente complicada que só fãs do gênero de mafia vão conseguir compreender.
  Mas o filme está longe de ser ruim, é só meu gosto pessoal que achou esse filme muito para digerir.

Poster Oficial retirado do IMDb.


Jojo Rabbit

  Se você aguentou a análise de um estudante qualquer até aqui, então bem-vindos ao meu filme favorito do ano: Jojo Rabbit.
  Dirigido (e atuado) pela mente genial de Taika Waititi, inspirado na primeira parte do livro Caging Skies de Christine Leunens, o filme conta a história de Jojo Beltzer, interpretado por Roman Griffin Davis, um garotinho na Alemanha nazista que tem como maior sonho ser melhor amigo de Hitler.... até que ele descobre que sua mãe, interpretada por Scarlett Johansson, se opõe ao governo e esconde uma menina judia chamada Elsa em sua casa, interpretada por Thomasin McKenzie.
  Eu gosto de dizer que esse filme é a perfeita "armadilha pega trouxa desavisado". Com um market inteiro focado na comedia negra do filme, com direito a amigo imaginário Hitler interpretado pelo próprio diretor e Rebel Wilson no elenco, eu fui sem esperar chorar o tanto que chorei (e pelo que vi do resto da minha sala de cinema, eu não era o único).
  O filme tem o tempo perfeito entre a extrema comédia e o drama trazido pelos horrores do nazismo. O filme fala sobre como a inocência das crianças pode ser deturpada por ideais vilanescos. Fala sobre a importância de dançar em épocas sombrias e não perder esperança de dias melhores.
  Quando você menos espera, seus olhos encham de lágrimas e você está perplexo com a atuação daquele garoto que tem idade para ser seu irmão mais novo, filho ou neto.
 Tudo nesse filme faz com que ele se torne perfeito. O gosto agridoce, o sotaque alemão (como se o filme fosse originalmente nessa língua e um feitiço fez com que todos os personagens soassem em inglês), a fotografia que dava o tom do filme como um maestro guia sua sinfonia, até a trilha sonora formada por músicas consagradas da cultura pop anglófona, totalmente traduzidas para o alemão.
 Jojo Rabbit pode não vencer o oscar de melhor filme, pois dificilmente a academia vai se entregar para uma obra tão diferente do esperado, mas pode ganhar o coração de vocês.


Poster Oficial retirado do IMDb.

Conclusão.


 Meus grandes favoritos são, Jojo Rabbit, 1917, Parasita, Adoráveis Mulheres e Era uma vez em Hollywood e acho que qualquer um desses que ganhar é extremamente merecido.
 Me conta, quais são os seus?


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