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Homem Invisível (2020) - Uma presença total

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Há alguns anos tive o desprazer de assistir a recente versão do filme da Múmia (2017). Filme ruim, falando com sinceridade. O filme tinha um ponto: devia apresentar não só a Múmia, mas introduzir o universo dos "Monstros da Universal", e claro que também falhou nesse ponto, trazendo diversos conceitos de uma só vez, deixando o telespectador confuso e jogado num "universo compartilhado" dos monstros clássicos do cinema, ou melhor, da ficção de modo geral, pois são também personagens da literatura. Apesar desse deslize inicial, decidi comentar sobre outro desses monstros: Homem Invisível. Vamos lá falar desse curioso personagem. [Antecipo que os trocadilhos sobre visível-invisível serão muitos nesse post]
  

 

Um novo olhar para o invisível:

Na nova adaptação do Homem Invisível temos algo bem diferente do que foi criado pelo escritor H.G. Wells, em 1897. Aqui a protagonista Cecilia (interpretada por Elisabeth Moss) procura se libertar de um relacionamento abusivo causado pelo seu marido Adrian Griffin, um bilionário cientista óptico. Ela consegue sim, logo no início do filme numa fuga muito tensa (aliás, falaremos adiante que tensão é a palavra da vez nesse filme). Após meses isolada na casa de amigos e contando com apoio de sua irmã, Cecilia recebe uma mensagem dizendo que Adrian estava morto e que ela havia herdado sua fortuna. Cecilia segue com sua vida, mas percebe estranhos acontecimentos e acredita que Adrian está vivo de algum modo - advinha só? Ele está invisível!

Essa seria uma sinopse básica dos acontecimentos do filme, mas por que achei esse enredo tão criativo? O fato de trabalhar com os relacionamentos abusivos, fenômeno infelizmente ainda muito comum. 

O filme consegue captar bem o espírito do trauma causado em pessoas que sofreram esse tipo de relacionamento: acreditam que o(a) ex está por perto, vigiando, como se fosse uma "presença total". Daí não é de se surpreender que no filme Cecilia dirá que Adrian está vivo e interferindo na vida dela, mas ninguém acreditará logo de cara, dirão que foi o trauma causado nela pelos anos de abuso. 

O look do atual Sr. Invisível é mais... invisível que a adaptação de 1933.

Méritos e deméritos:

Um dos maiores desafios que o diretor (Leigh Whanell) passou foi: afinal, como causar medo nas pessoas com algo que elas não conseguem ver? [Quem diria que, alguns meses depois, estaríamos todos enclausurados em nossas casas com medo do coronavírus/ covid-19] O filme acerta em cheio em trabalhar com a presença de Adrian, havendo momentos que Cecilia olha para o canto e fala com ele porque o sente, mas não o . Essa confusão entre o real, o simbólico e o imaginário é algo digno de nota. Também achei feliz o pouco uso de efeitos especiais, a brutalidade das cenas de violência e a ótima atuação de Elisabeth Moss. Essa combinação de fatores me fez ficar tenso e com medo o filme todo, e isso é muito bom!

Os deméritos do filme são poucos. Não posso falar em enrolação porque estamos falando de filme de terror, ele demanda isso. Mas eu acredito que existem elementos do filme que foram pouco explorados e ainda conta com momentos que parecem mais com furos de roteiro. 

O filme ainda conta com algumas reviravoltas bem inteligentes que me surpreenderam mesmo. 

Vale a pena não-conseguir-ver?

Sim! Não considero nenhum filme genial  ou maravilhoso, mas certamente é uma boa pedida para aqueles que gostam de terror. Se você teve a sorte de ler o Homem Invisível do H.G. Wells - coisa que não fiz ainda - diria que é um filme é ainda mais indicado para fazer os contrapontos com a obra original.



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