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Falcão e Soldado Invernal - O legado daquele escudo! (resenha com spoilers)

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Há seis semanas estreou no Disney + a série da Marvel "Falcão e Soldado Invernal", batendo recordes de visualizações, sendo a maior estreia da plataforma até o momento. Hoje, depois de termos comentado sobre o final de WandaVision, podemos finalmente falar dos novos desafios de Sam Wilson (Anthony Mackie) e Bucky Barnes (Sebastian Stan). Cabe aqui darmos um aviso: a série é uma sequência direto de Vingadores: Ultimato, por isso teremos alguns spoilers do filme de 2019. Vocês foram alertados, agora vamos lá!

Falcão e o Soldado Invernal': Último episódio revela a identidade do  [SPOILER!] | CinePOP

Apátridas e Patriotas:

A série abre com uma cena de ação do Falcão colaborando com as Forças Aéreas norte-americanas. Nessa cena (muito bem produzida, diga-se de passagem), somos apresentados a Joaquin Torres (interpretado por Danny Ramirez), parceiro de Sam Wilson nas missões militares. Torres informa Sam sobre uma nova organização de rebeldes mascarados que tem causado tumultos em seus protestos, invadindo bancos e atacando policiais: Os Apátridas. 

Os Apátridas são os inimigos centrais da série, liderados por Karli Morgenthau (Erin Kellyman). O objetivo dos Apátridas nasce durante o intervalo entre Guerra Infinita e Ultimato. Segundo os Apátridas, quando metade da humanidade morreu, um mundo novo surgiu: os Estados-nações foram fragmentados, o que fez com que as pessoas se unissem e cooperassem com justiça e igualdade. Mas quando a humanidade voltou à vida, os países voltaram com suas fronteiras, dividindo a população; cansados dessa segregação causada pelas nações, os Apátridas querem por fim a estes governos, não por acaso o lema deles é "Um mundo, um povo". E claro, para derrubarem os governos, eles precisam de poderes, por isso tomam soros de super soldados. 

Falcão e o Soldado Invernal | Quem são os 'Apátridas'? Quais as diferenças  da série para as HQs? | CinePOP
Aqui uma imagem de Karli Morguenthau, a líder dos Apátridas. A máscara é um charme do grupo rebelde!


A contraparte dos Apátridas é o CRG, o Conselho de Repatriação Global. O CRG é uma organização supra-estatal que procura repatriar aqueles que voltaram do bleep, oferecendo casa, emprego e mais para quem ficou 5 anos morto. Porém, para os Apátridas, o CRG acabou desamparando aqueles que ficaram vivos na Terra, sobrevivendo em péssimas condições. Sem todos governantes, políticos, trabalhadores e comerciantes, o mundo sofreu uma crise humanitária sem precedentes, então podemos imaginar os perrengues vividos por quem sobreviveu ao estalo de Thanos.

E enquanto temos o CRG expulsando pessoas de casas, colocando-as como refugiados, e os Apátridas causando uma convulsão social, surge a figura de John Walker, o novo Capitão América. Walker sempre foi um excelente soldado: recebeu medalhas de honra por ter participado da expedições militares no Oriente Médio ao lado de Lemar, seu melhor amigo. Quando Sam entregou o escudo (dado por Steve Rogers no final de Ultimato) ao governo dos EUA acreditando que seria exposto no Museu do Capitão América, jamais pensou que este seria usado por Walker para ser o novo Sentinela da Liberdade.

John Walker estampa novo cartaz de Falcão e o Soldado Invernal | Arroba Nerd

De imediato, uma antipatia pelo Walker nasce, tanto pelo Sam, que se vê arrependido de ter dado o escudo ao governo, quanto por Bucky, que, enfurecido, reclama com Sam sobre a posse daquele escudo estar nas mãos erradas. Para Bucky, que lutou na Segunda Guerra Mundial com Steve Rogers, o escudo era um símbolo, não só do amigo e pessoa que foi Steve, mas também dos valores que ele carregava, portanto Sam ter abdicado do título de Capitão foi um grande erro. 

Amigo em comum:

Como falamos acima, Bucky e Sam tem certa discussão por conta do descaso em relação ao escudo, mas, a bem da verdade, eles nunca foram amigos de verdade. Bucky e Sam são personagens que possuem um amigo em comum: Steve Rogers, e só, nada além disso. Mas a série acerta justamente no ponto de tentar aprofundar estes personagens que foram deixados em segundo escalão pela Marvel. 

A começar pelo Falcão. Sam Wilson tem uma vida civil simples, cuidando do barco de pesca dos falecidos pais, tentando ajudar financeiramente sua irmã, Samantha, mãe de seus dois sobrinhos. A única solução para lidar com as dívidas, segundo a irmã, é a venda do barco, que o Sam recusa, procura um banco, mas depois do bleep a economia sofreu um forte impacto, o que impossibilita Sam de pegar um empréstimo

Falcão e o Soldado Invernal - 1X01: New World Order (Marvel, 2021)

Esse é o primeiro de vários elementos que a série mostra sobre a dificuldade que um homem negro sofre na sociedade americana. A Marvel foi muito atenciosa em apresentar elementos do racismo estrutural que cercam a vida de Sam; inclusive, foi por conta de todo esse racismo que Sam não aceitou ser o Capitão América: porque um enorme número de pessoas jamais o aceitariam como tal. Esse tópico é retomado mais a frente com outro personagem: Isaiah Bradley, o primeiro Capitão América negro, que ficou esquecido nas páginas de história por ter sido torturado, preso e usado como experimento pelo próprio governo que ele defendia. Isaiah foi uma das melhores adições à série. 

Em contrapartida temos Bucky, que vive não mais o dilema de ser usado como arma, ou seja, de ser controlado como Soldado Invernal (isso é mostrado num flashback dele em Wakanda, se livrando do controle mental, numa das cenas mais sensíveis da Marvel até o momento). Na verdade, o Bucky agora está fazendo uma terapia para ajuda-lo a lidar com todo mal que ele causou, o que não é pouca coisa, enquanto isso ele tenta ter uma vida normal, saindo com uma garota para se relacionar. 

Sinceramente falando, no meu entendimento, o arco do Bucky estava 80% concluído nos filmes, a série só apresentou a fase de aceitação dele com o passado, o que foi importante, mas nos deixa em dúvida sobre os rumos do personagem. Eu adoraria ver seu desenvolvimento como Lobo Branco trabalhando para Wakanda, mas o perdão pela traição de libertar o Barão Zemo deve demorar.

E sobre o Zemo (Daniel Brühl) só posso dizer que rouba a cena toda vez que ele aparece! Entre os episódios 3 a 5, que temos o desenvolvimento do personagem, mostrando sua convicção e ameaça, Zemo finalmente põe sua famosa máscara transmitida por gerações, e mata quem estiver contra seu objetivo de acabar com os super-seres, que se acham tão acima dos humanos, esquecendo de suas responsabilidades. Esse arco do Zemo é um dos pontos mais altos da série.

Falcão e o Soldado Invernal | Os 3 vilões confirmados na série

Desenvolvimento, novos lugares, novos vilões:

A série possui a seguinte estrutura: surge um grupo de rebeldes (Apátridas) e um novo Capitão América (John Walker); Falcão e Soldado Invernal precisam de ajuda para saber quem oferece os soro a eles, por isso libertam o Zemo da prisão, vão para Madripoor, encontram Sharon Carter e conseguem novas informações; por fim, numa missão, Lemar morre pelas mãos da Karli, o que deixa Walker furioso e o faz matar um dos Apátridas em praça pública (o que foi chocante!). A resolução de tudo isso se dá no último episódio, quando Sam finalmente assume o manto de Capitão América e foi sensacional! Além disso, a série possui em todo episódio um momento para ação muito bem feita, depois uma sequência narrativa policial, o que remete muito ao filme "Máquina Mortífera".

O desenvolvimento da série é bom e vejo que a Marvel acertou muito em apresentar tantos temas sociais, situando o núcleo do Cap. América onde ele deve ficar: no solo, nas questões sociais, ainda que ele precise também ir ao espaço lutar com seres como Thanos. 

A série segue muito bem o foco dela: o Falcão e o Soldado Invernal. Os dois personagens são muito bem desenvolvidos, contam com cenas de ação e emoção bem feitas, e dentro desses dois personagens um núcleo também é bem trabalhado: Isaiah Bradley e Samantha Wilson por parte de Sam, e as Doramilaje por parte de Bucky, apesar da rápida aparição do grupo de guerreiras wakandanas. Porém alguns nomes ficam devendo, como a própria Sharon Carter que se revelou como Mercador(a) do Poder, mas não houve uma transição muito boa da heroína para a vilã tão cruel.

Ainda um ponto que ficou a desejar foi justamente a Karli, que teve uma conclusão estranha no último capítulo, enquanto John Walker, que foi uma das melhores coisas que a série fez, desapontou quando "virou herói" (ou melhor, anti-herói) de última hora, sem nenhum conflito com Bucky ou Sam, deixando as diferenças de lado para combater os Apátridas. Essa foi talvez a pior parte da série, pensei que a Marvel fosse mais ousada ao colocar dois vilões no programa, pensei que adotariam uma solução equivalente ao que foi o final de "Demolidor" (da Netflix), quando Rei do Crime, Mercenário e Demolidor entram num conflito em que os dois vilões e o herói caem no soco freneticamente.

A mensagem final:

E claro, não podemos concluir nossa resenha sem comentar o que a série efetivamente se trata. "Falcão e Soldado Invernal" toca em vários temas: a responsabilidade de carregar o escudo do Capitão América, a cultura militarista dos EUA que criam pessoas como Walker; o racismo estrutural e os refugiados. Mas a mensagem final da série transmite os valores que um Capitão América deve ter. Muito mais do que carregar o escudo e ser um bom soldado, é preciso ser uma boa pessoa, por isso a bela fala de Sam Wilson ao dizer que "não tenho super poderes, meu único poder é acreditar nas pessoas, acreditar que podemos fazer um mundo melhor". 

Em tempos conturbados como os nossos com a crise de refugiados, pandemias, aumento da desigualdade social global, uma série que coloca o Capitão América como um homem negro, que compreende as coisas não como certo ou errado, mas que existem tons de cinza nessas ações dos indivíduos (como Walker) ou grupos (como Apátridas) foi um enorme acerto, apesar de uma conclusão meio vazia. 

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A série então merece uma nota como 4.3 de 5. Vale a pena assistir sim!

E a série deu tão certo que confirmou o próximo filme (Capitão América), agora com Sam Wilson com o manto que ele merece ter. Os roteiristas serão os mesmos da série: Dalan Mussom e Malcom Spelman. O filme não conta com data de estreia ainda.



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