Olá pessoal! O post de hoje é sobre um livro diferente, com bastante conteúdo e viagens pela história do feminino, "Mulheres, mitos e d...

Mulheres, mitos e deusas - O feminino através dos tempos

/
0 Comments

Olá pessoal! O post de hoje é sobre um livro diferente, com bastante conteúdo e viagens pela história do feminino, "Mulheres, mitos e deusas"!


As histórias:

O livro não conta apenas uma história, e sim várias, sobre diversas figuras femininas em diversas épocas,  visões e feitos.
Não é um livro bibliográfico, pois muitas dessas mulheres eram seres míticos ou Santas, por isso, falarei de cada repartição separadamente e citarei as mulheres que vocês lerão a respeito.

Repartição 1 - As origens:

Essa é a primeira parte do livro, e como o nome já diz, trata-se das primeiras mulheres que estiveram no mundo, presentes na origem do mesmo. Essas mulheres envolvem deusas e figuras religiosas. Descreve a importância dessas mulheres na história e na tragédia, como elas se tornaram influências que perduram até hoje.
E como se tratam de seres místicos, podem ser mulheres presentes na realidade ou protagonistas de lendas, rezas e histórias.
Esta primeira repartição é composta por 12 capítulos, ou seja, 12 mulheres e é a maior parte do livro, nela estão presentes: Nix, Lilith, Eva, Ísis, Hera, Alcmena, Deméter, Coré, Afrodite, As Górgonas, Éris e as Erínias, As Moiras.

Repartição 2 - Da tragédia à história

Essa parte transita muito entre mulheres místicas e mulheres reais. Aqui, ao contrário da primeira, existe um desprendimento das religiosidades e dos mitos, contendo agora rainhas e mulheres fortes, que governaram a si mesmas.
Mulheres reais, mesmo que ainda sujeitas aos seus maridos e/ou governantes, tinham visões modernas e revolucionárias. Nessas histórias encontramos mulheres que viveram na  Pérsia, Macedônia, Ásia, Egito, Grécia, Babilônia, Roma e regiões próximas, que eram movimentadas e habitadas pelos povos antigos. 
Neste trecho do livro surgem as primeiras ideias de cidades governadas por mulheres e como essas decisões afetaram os movimentos feministas hoje em dia.
Estão presentes: Circe, Medeia, Antígona, Cassandra, Safo, Olímpia, Estatira, Sisigambis, Cleópatra, Hipátia de Alexandria.

Repartição 3 - O amor

Nessa terceira repartição, encontramos histórias de mulheres que sabiam amar, eram apaixonadas e também eram apaixonantes. O amor presente nas narrações é o famoso amor romântico e envolviam amores proibidos e pecados.
Os pensamentos dessas mulheres icônicas eram uma mistura de razão e emoção, pois havia a dor da perda, ausências de seus companheiros e desilusões.
Além disso, por serem de uma época ainda distante da nossa, a vida destas mulheres eram pré-determinadas. Nisso, quando se rebelavam, eram vilanizadas ou consideradas emocionais demais. Poderiam ser apenas passivas ou culpadas. Mas por mais que se submetessem a determinadas situações, eram poderosas e ao mesmo irracionais.
Estão presentes: Dalila, Sherazade, Isolda, Heloísa, Margarida.

Repartição 4 - As fadas

Nessa parte, são citadas as principais diferenças entre as fadas e as bruxas dos famosos contos: as fadas são consideradas seres mágicos, seres de luz. Sempre belas, são as guias do protagonista de uma jornada, afim de ajudá-lo de alguma forma. Já as bruxas são vistas como velhas, feias e repletas de sentimentos de vingança e rancor. Normalmente são comparadas à mulheres que se rebelam contra o sistema atual, pois são vistas como rebeldes.
As fadas são vistas como boas, gentis e servas de algo considerado maior, como objetivo ou uma missão. São criaturas entre o real e místico, encantamento e tédio e perduram por gerações através de histórias, onde podem ser as salvadoras do protagonista ou cúmplices de um vilão. 
Neste caso, tudo transita entre o imaginável e histórias infantis, mas em uma análise mais aprofundada, as "fadas" são as mulheres caladas que obedecem e as "bruxas" são aquelas que não aceitam e levantam sua voz.
Estão presentes: Fadas e bruxas, Merlin e a Dama do Lago, A Dama de Shalott, Cinderela.

Repartição 5 - Rainhas

Essa parte já trás consigo um pouco mais da atualidade e consequentemente, da realidade. Conta sobre três rainhas que foram importantes para a história do mundo, como eram vistas por si mesmas, como eram vistas pelo povo que governavam e quais foram seus principais feitos.
Uma observação sobre esta parte é que o capitulo da Rainha Elizabeth I é o único, no livro todo, que é narrado em 1ª pessoa.
Estão presentes: Catarina de Medici, Elizabeth I em sua agonia, Cristina da Suécia.

Repartição 6 - Caminho de Deus

Essa é uma parte que se estende pela religião e fé dos povos onde essas antigas santas eram e são até hoje veneradas.
É iniciado citando antigas deusas e sacerdotisas que eram louvadas, muitas delas já haviam sido citadas na parte "As origens", e infelizmente foram substituídas e quase esquecidas. Isso porque, há o surgimento da imagem de uma santa, que é vista como pura e virgem, livre de pecados e de sentimentos ruins.
Antes, com as deusas gregas por exemplo, viam-se tragédias, guerreiras, amores, ciúmes e com "Marias" não se vê nada além da mãe de Deus e o início do monoteísmo, que perdura até hoje.
Fé, perdão, acolhimento, graças, amor, mães, luz na escuridão e operação de milagres são algumas características e feitos das santas citadas. O amor delas pelo povo que as venera é imenso ao ponto de serem donas dos corações daqueles nativos.
Estão presentes: Malinche, Virgem Maria, Nossa Senhora das Mercês, Nossa Senhora de Guadalupe, Nossa senhora dos Remédios, Santa Maria de Izamal, Nossa Senhora de São João, Nossa Senhora de Zappopan, Nossa Senhora da Saúde, Teresa de Jesus, Sóror Juana Inés de la Cruz.

Repartição 7 - Nosso tempo

Por fim, aterrissamos na atualidade com ícones feministas que lutaram pela reinvindicação dos direitos da mulher e pela liberdade de publicarem suas obras literárias e artísticas.
Há a exploração das liberdades intelectuais e físicas de cada uma delas, sem tabus ou padrões.
Eram mulheres rebeldes, que não aceitavam a condição das quais eram postas e expostas na sociedade e na época em que viveram, eram revolucionárias.
Lutaram pela ruptura dos papéis sociais pré determinados, queriam ser o oposto do padrão esperado e não aceitavam o controle alheio.
Tornaram-se símbolos da luta contra o machismo e patriarcado de suas épocas, o que as eternizou.
Os capítulos tratam sobre suas conquistas na vida e como suas ações influenciaram quem nós somos e o que pensamos nos dias de hoje sobre lutas feministas e liberdade.
Estão presentes: Virginia Woolf, Djuna Barnes, Isadora Duncan, María Izquierdo, Simone de Beauvoir, Marguerite Youcenar, María Zambrano.

Um pouco sobre o livro e minha opinião:

Como visto por vocês, aparecem diversas figuras de origem latina. O motivo é que a autora é mexicana e ao escrever este livro, quis trazer ícones de suas terras para ilustrar que mulheres, mitos e deusas existem em todo lugar.

A princípio o livro foi escrito em 1996, época emblemática na luta pelos direitos das mulheres. Tem uma visão mais densa do que as bibliografias podem trazer de maneira mais curta, o que nos faz explorar caminhos dos quais não costumamos ver (ou ler).

Outro ponto interessante do livro é que antes do início das repartições, alguns textos estão presentes na edição, como a nota à edição brasileira, o prólogo e a "Diotima e o amor". Pude observar também que o livro tem um ar bem filosófico, citando autores e explorando um pouco mais da mente das protagonistas e de suas convivências.

Agora sobre o que eu achei do livro: vou ser sincera, é um bom livro, mas não é o meu tipo de leitura. 
Eu sou do tipo que lê histórias com capítulos alinhados, personagens criados da mente de um autor e um enredo envolvente, e nesse não pude encontrar essas características.

Confesso que me iludi um pouco ao ler sua descrição, pois achei que eram mini biografias, como as do livro "Lute como uma garota - 60 feministas que mudaram o mundo", obra da qual eu gostei bastante.
Este contém uma leitura mais densa, e exige muita concentração, pois não são histórias que te prendem necessariamente. 

A repartição que mais gostei foi "As origens", que conta de maneira resumida mas bem redondinha sobre cada divindade mitológica citada, sobre os sentimentos que cultivavam, as intrigas, seus destinos e como cada uma dessas histórias perdurou até hoje. Porém, em alguns capítulos, principalmente os da repartição '"Caminho de Deus", eram citados mais os devotos que as próprias santas, nos outros, mais as pessoas que fizeram parte da vida daquela mulher do que ela própria, o que me deixou com um gosto de "faltou algo". Apesar dos pesares, para quem é fã de filosofia e questões mais intrínsecas, vai gostar bastante, é bem interessante.

Detalhes técnicos:
Autor (a): Martha Robles
Ano de publicação: 2019 (2ª edição)
Tradução: William Lagos e Débora Dutra Vieira
Páginas: 447
Editora: Goya


É isso gente, espero que tenham gostado e até a próxima!




You may also like

Nenhum comentário :

Tecnologia do Blogger.